Prisão de Bolsonaro adiciona incertezas às negociações sobre tarifas dos EUA

Decisão do STF coincide com tentativas do governo Lula de evitar a sobretaxa de 50% sobre exportações brasileiras, prevista para entrar em vigor nesta semana.

  05 DE AGO, 2025


Prisão de Bolsonaro adiciona incertezas às negociações sobre tarifas dos EUA

A prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada em 4 de agosto pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, ocorreu às vésperas da entrada em vigor da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.

A medida foi tomada durante um período de negociação entre os dois países. O governo brasileiro vinha articulando canais diplomáticos com Washington na tentativa de reverter ou mitigar os efeitos da nova tarifa, anunciada pelo presidente Donald Trump em julho.

Nos dias anteriores à decisão, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se reuniu com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio. Segundo fontes oficiais, o encontro buscava abrir espaço para diálogo comercial e sinalizar disposição para acordos bilaterais.

Após a decisão do STF, o Departamento de Estado dos EUA publicou nota criticando a medida. A manifestação gerou preocupação entre setores industriais que acompanham o andamento das negociações, mas o governo brasileiro, até o momento, mantém a estratégia de dissociar os assuntos jurídicos do ex-presidente das tratativas comerciais.

Para a indústria nacional, o centro da atenção está na lista de exceções divulgada na semana anterior à decisão judicial. Segundo estimativas preliminares da Câmara de Comércio Brasil–Estados Unidos (Amcham), cerca de 42% do volume total exportado pelo Brasil aos EUA foi temporariamente poupado das novas tarifas, abrangendo aproximadamente 700 produtos.

Apesar disso, segmentos importantes da cadeia produtiva ainda aguardam definições. Exportadores de aço, alumínio, químicos, máquinas e alimentos processados permanecem em alerta sobre os desdobramentos da política tarifária americana.

Até o momento, não houve alteração formal na política comercial dos EUA em função da decisão do Supremo Tribunal Federal. Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil divergem sobre o possível impacto político da medida nas negociações econômicas.


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